Você talvez não saiba o nome da técnica, mas com certeza já viu uma ilustração com arte-final em hachuras (também conhecidas como “aqueles risquinhos”). É uma técnica valiosa para qualquer ilustrador: versátil, acessível, e muito atrativa. No artigo de hoje, você vai aprender como começar a desenhar com hachuras.
Ao longo de quase 30 anos praticando essa técnica, posso dizer com alguma segurança que me tornei um “mestre das hachuras”. Venha comigo e dê seus primeiros passos para dominá-las também.
Quando digo que hachuras é uma técnica acessível, é porque elas podem ser realizadas com vários materiais:
Independentemente do material com o qual você vai começar a trabalhar com hachuras, minha recomendação é a mesma: faça testes com ele. Veja as espessuras de traço que a sua lapiseira/caneta/pena é capaz de fazer.
Se você quiser algo rápido e simples, comece com caneta esferográfica. Caso queira começar com caneta nanquim, indico a 0.3 que é mais versátil. Se for comprar um conjunto, dê preferência a espessuras ímpares (0.05, 0.1, 0.3 e 0.5).
Por experiência própria, digo que a melhor “escola” para se aprender a trabalhar com hachuras é um bom bico de pena e um vidro de nanquim. Isso porque o material exige que você aprenda a controlar a pressão que coloca na ponta, a direção do traço, a quantidade de tinta usada…
Nesta aula eu mostro como controlar a pressão:
Muitos alunos me perguntam qual a “espessura ideal” de caneta. Tenha em mente que, dependendo do tamanho do seu desenho, mesmo um traço em caneta 0.1 pode parecer grosso. Quanto maior a área da ilustração/desenho, menor o “peso” do traço na arte-final. E quanto menor a área da ilustração/desenho, maior o “peso” do traço.
De modo geral, canetas com ponta pincel (excelentes para desenhar plein air,) são mais indicadas para ilustrações médias ou grandes. Para desenhos pequenos, dou preferência a canetas e bicos de pena mais finos.
Em termos práticos e didáticos, podemos enumerar 5 estruturas básicas de uma hachura:
Ao variar e combinar estas estruturas, você pode conseguir diferentes valores tonais – nosso próximo tópico.
O valor tonal representa em tons de cinza se a área está mais clara ou mais escura no desenho. Quanto menor o valor tonal, mais “escura”; quanto maior o valor tonal, mais “clara”. Isso vale para hachuras, aquarela, lápis de cor e outras técnicas.
Das 5 estruturas que listei, três afetam diretamente o valor tonal: o espaçamento (quanto maior ele for, menor será o valor tonal); o número de camadas (quanto maior ele for, menor será o valor tonal); e o peso das linhas (quanto maior ele for, menor será o valor tonal).
Observe:
Um olhar rápido e superficial pode dar a impressão de que só existem dois tipos de hachuras: os “risquinhos curtos” e as “cruzadas”.
Nada mais longe da verdade.
Existe uma grande variedade de tipos de hachuras. Para fins práticos, eu costumo listar 10:
Você pode deduzir que, da mesma maneira que acontece com as 5 estruturas, os tipos de hachuras podem produzir diferentes efeitos. E eles também são afetados pelas variações de suas estruturas.
As hachuras servem a dois propósitos: criar texturas e criar sombreamento. Tudo vai depender da área e da maneira como elas são aplicadas em cada ilustração.
E, dependendo do caso, você pode combinar mais de um tipo de hachura para alcançar o efeito desejado. Por exemplo, hachuras scribble são boas para criar um sombreamento de maneira rápida, e hachuras curtas podem dar mais suavidade na transição para uma região mais iluminada.
Se você desenhar um peixe, pode usar hachuras especiais para simular a textura das escamas, e usar outro tipo para fazer o sombreamento.
As possibilidades das hachuras são infinitas!
Normalmente, o material mais comum para arte-final em hachuras é o nanquim. Mas existem outros, como o grafite.
Um verdadeiro mestre nesse tipo de hachura é o ilustrador Carter Goodrich, que trabalhou como character designer em produções como Ratatouille, Meu Malvado Favorito, Shrek e Hotel Transilvânia. Dá uma olhada:
As hachuras em grafite seguem a lógica que expliquei ao longo do post – e, também, têm características próprias.
Uma delas é que dá pra variar o valor tonal do próprio traço, dependendo do peso que você coloca nele. Se usar um grafite macio, você consegue criar traços em vários tons de cinza.
Outra característica própria (e muito usada pelo próprio Carter em seus trabalhos) é a possibilidade de esfumar os traços para dar mais unidade às áreas hachuradas. Repare nas ilustrações abaixo que eu fiz, inspiradas em trabalhos do Carter Goodrich.
Além de aplicar as mesmas técnicas que uso para hachuras em nanquim, eu aproveitei a variação de valor tonal dos traços e usei sfumato para suavizar algumas áreas de sombra.
Se você quer começar a mexer com esse tipo de hachura, minha recomendação é a de que use uma lapiseira 0.3 ou lápis bem apontados (HB, 2B e 4B).
Este é o começo do mundo das hachuras, e muitos dos meus alunos tinham vontade de se aprofundar na técnica. Foi por isso que criei o curso Mestre das Hachuras.
Nele eu levo o aluno do básico ao avançado pelo universo das hachuras, começando com técnicas simples e mostrando o processo de criação de ilustrações completas em hachuras.
Se você já está pronto para o próximo passo, clique o curso e eu te encontro do outro lado.
Curtiu? Então mãos à obra! Pegue papel e caneta/lapiseira/lápis/bico de pena e comece a praticar “aqueles risquinhos”!
Professor Laqua
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